NOTÍCIAS ANPC
24/10/2018

Notícia sobre coelhos-bravos “geneticamente modificados” resistentes à DHV é falsa

Investigador espanhol que colabora nos estudos, em Maiorca, clarificou que não foram “manipulados” nem “criados” coelhos geneticamente imunes à Doença Hemorrágica Viral.

Num artigo publicado pelo jornal Correio da Manhã (na edição de 22 de outubro de 2018) é divulgada a libertação e consequente sobrevivência de 200 coelhos-bravos que teriam sido, segundo o diário, geneticamente modificados para serem resistentes à febre hemorrágica viral dos coelhos (DHV). Segundo relatava o Correio da Manhã, o património genético destes exemplares tinha sido manipulado por uma equipa de investigadores espanhóis, para assim poderem apresentar uma elevada taxa de sobrevivência à infeção pelo vírus (apenas 5% morreram). Esta informação não corresponde à verdade, como explica o Grupo de Trabalho +Coelho, que foi contactado para prestar esclarecimentos relativamente à notícia veiculada pelo Correio da Manhã.

O GT +Coelho falou diretamente com Rafael Villafuerte Fernandez, um investigador do Consejo Superior de Investigaciones Científicas (CSIC), que tem colaborado nos estudos que estão a ser feitos na ilha de Maiorca. Estes esclareceu que a notícia não corresponde à verdade e que a informação transmitida foi mal interpretada: na verdade os animais não foram “geneticamente manipulados”, nem “criados”, para serem imunes à DHV. Com efeito, os coelhos-bravos utilizados no estudo foram sujeitos a uma análise genética, que permitiu identificar e selecionar os animais com elevados títulos de anticorpos, provenientes de populações de elevada densidade. Desta forma, a proteção imunológica de grande parte da população de coelho-bravo em estudo resultou naturalmente numa maior taxa de sobrevivência à infeção.

A utilização de animais vindos de populações com elevados níveis de anti corpos contra o vírus da DHV para efeitos de repovoação e reprodução pode ser uma solução estratégica para a recuperação do coelho-bravo, que como sabemos, enfrente graves crises de mortalidade e põe em causa os ecossistemas da Península Ibérica.

O Grupo +Coelho esclarece ainda que “os valores de prevalência do vírus da DHV [em Portugal] não foram providenciados por investigadores ou técnicos do INIAV”. A notícia diz que a doença está presente em cerca de 10 a 20% dos coelhos-bravos (distritos de Lisboa, Setúbal, Évora e Santarém) baseando.se nas percentagens de positividade da Doença Hemorrágica e Mixomatose em amostragens de coelhos caçados e cadáveres encontrados no campo, sendo que se trata de uma amostragem oportunística que não transmite a percentagem de prevalência da doença real.

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